A enfermaria da praça de touros de Vila Franca de Xira é a mais avançada do país: tem oito profissionais altamente especializados, suporte avançado de vida e até uma sala para pequenas cirurgias.
Ainda que o aparato ultrapasse em larga escala o estrago, impressiona. Às 23h, M.F., 32 anos, entra na enfermaria a coxear, com mais sangue do animal do que seu na roupa. É rodeado por seis profissionais de saúde. Tem o dedo grande do pé direito inchado, coberto de sangue e possivelmente partido (só um raio -X permitiria confirmá-lo e esse equipamento não existe ali), mas o que interessa mesmo ao forcado é o que se está a passar na arena e mal tira os olhos do ecrã de televisão, que está à sua direita. É a primeira vez que a equipa clínica testa aquele equipamento, duas câmaras que transmitem em directo a corrida para a enfermaria. "É melhor correr a cortina, senão ainda saltas daqui para ir fazer a pega", brinca o cirurgião-geral, e coordenador, Luís Ramos.
Em 13 minutos, a ferida é limpa e é colocada uma ligadura para lhe imobilizar o dedo do pé. Diagnóstico: avulsão (que significa arrancar ou extrair com violência) da unha do primeiro dedo do pé direito. Tradução: durante a pega, o touro pisou o forcado e arrancou-lhe a unha. Provavelmente, partiu o pé. João, auxiliar de acção médica da equipa, ajuda-o a calçar novamente o sapato – a enfermaria tem uma calçadeira para esse efeito –, e M.F. faz questão de acompanhar o resto da corrida na praça. Adia a ida ao hospital (para fazer uma radiografia) para o dia seguinte e também dispensa a medicação para as dores – decisão sobre a qual depressa se arrepende: 10 minutos mais tarde volta à enfermaria e pede um Ben-u-ron.
Leia todo o artigo na edição n.º 702, de 12 de Outubro de 2017
Texto e Fotografias: Sábado por Lucília Galha
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