Luís Peças Demonstra Apoio ao Seu Irmão António Peças

Foto de Luís Peças.
O ex-forcado Luís Peças irmão do também ex-forcado e atual médico do INEM António Peças que recentemente publicou um texto na sua página de “Facebook”(link) onde pôs o dedo na ferida sobre as enfermarias e assistências médicas nas praças de toiros que tem causado algum mau estar entre o seio taurino, publicou hoje também na mesma rede social um texto (que transcrevemos mais abaixo) de apoio ao seu irmão e onde também reforça os parcos meios de assistência nas praças de toiros e onde aproveita também para deixar algumas perguntas no ar.

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“Mano, foi com incomensurável orgulho, mas sem surpresa, que te vi saltar a trincheira sozinho e bater as palmas a mais um “toiro” que se preparava para “ir vivo para dentro”… Não disponho da contabilidade, mas li por aí que nos últimos anos foram uma dezena deles, jovens românticos, que partiram “vivos”! E que nos 2 últimos se poderia ter feito mais qualquer coisinha para evitar a “desonra”…
Num turbilhão e mistura de raiva, tristeza, impotência, amargura, solidariedade, não me contive… não é que precises, tu resolves a papeleta sozinho, mas que Diabo, uma 1.ª ajudazinha neste deserto de valores, de valentões, de impostores, de vaidosos, de oportunistas, de “chicos espertos”… Tenho pena de ver a “praça” inteira, de pé, a aplaudir-te, uns tantos a darem-te as tradicionais palmadinhas nas costas, mas, depois, tudo continuar na mesma!
Lá na Praça, como na Vida, somos diferentes, graças a Deus; tu mais artista, eu mais impulsivo; tu mais cérebro, eu mais bruto. Por isso gostamos tanto um do outro. Não estarei certamente à altura de te dar a 1.ª ajuda que mereces, mas, olha, cá vai!


Mas afinal, para que serve uma Associação Nacional de Grupos de Forcados (ANGF)?
Para exigir determinada verba “tabelada” aos empresários e fiscalizar os Grupos associados se cumprem essa questão? Eu não creio que haja dinheiro suficiente, por muito que seja, que pague o “trabalho” de qualquer Grupo de Forcados; por isso somos AMADORES! Mas existem outros pontos a discutir ou ser examinados, pelos quais a ANGF muito pouco se debateu (ou nada…) que podem ser fulcrais aquando da actuação de um Grupo de Forcados: uma enfermaria dignamente apetrechada ou uma ambulância hospitalizada à porta, umas bandarilhas "à espanhola”, um seguro obrigatório para os Forcados,…

Mas não, mesmo após a mais recente tragédia que envolveu o Fernando Quintela, um dirigente da ANGF, José Luís Gomes, afirma que "cada vez mais, os empresários têm que ter mais respeito pelos forcados", acusando muitos promotores de evitarem pagar honorários aos grupos! Caramba…. Mas o respeito pelos Forcados passa pelos honorários? Mais nada? Ah, desculpa, defende este dirigente da ANGF, em declarações à agência Lusa, que "as enfermarias têm que estar devidamente apetrechadas com suportes, mesmo à porta, para este tipo de casos (colhidas). Era importante ter logo ali um veículo que estabilizasse o forcado"! Mas José Luís Gomes, é a ti e à ANGF, como única defensora dos Forcados Amadores, que compete, há anos, fazerem essas exigências! Fizeram? Não! Fazem? Não! Farão?...

E já agora, triste, muito triste mesmo, o “sacudir de água do capote”, por parte da ANGF, aquando da morte do Pedro Primo por não pertencer a um Grupo associado!
Estou incrédulo… Associação! Vou a um dicionário e vejo “união de esforços de várias pessoas para prosseguir um fim comum”! Há, em Portugal, um único Forcado tetraplégico (não são 10 ou 20, é 1, o Nuno Carvalho “Mata”). O que fez a ANGF por ele? Pagou alguma vez uma factura de um medicamento, de uma consulta médica? Uma obsoleta cadeirinha de rodas? Promoveu algum festival taurino? Contribuiu com alguma magra verba mensal para as suas despesas correntes?
Quando numa qualquer Associação a principal preocupação é o vil metal e, neste caso concreto da ANGF, não se vislumbraram medidas focadas concretamente na segurança dos seus associados, muita dúvida paira no ar! Para onde vai o dinheiro que cada Grupo de Forcados associado da ANGF envia após cada corrida (para quem não saiba, cada Grupo associado envia uma percentagem do seu cachet para a ANGF…)?

De médico e de louco, diz o Povo, todos temos um pouco! Que me desculpem os meus colegas “médicos” e Forcados José Luís Gomes e Paulo Pessoa de Carvalho (eminentes dirigentes de associações portuguesas de Forcados e empresários) por estar em desacordo com eles, mas, o Pedro Primo e o Fernando Quintela, no caso concreto deles, com uma assistência médica pronta, rápida e eficiente, eu, Luís Peças, afirmo: TINHAM SOBREVIVIDO!
Soluções??? Porque não ver como funciona o Fundo de Assistência dos Toureiros Portugueses (o exemplar Senhor José Carlos Amorim, um excelente exemplo vivo, pode-vos dar uma ajuda)? E que tal a ANGF exigir a tal enfermaria dignamente apetrechada ou uma ambulância hospitalizada à porta, as bandarilhas "à espanhola” e um seguro obrigatório para os Forcados? Não vos ouvem??? Faça a ANGF uma “greve” e vão ver como se resolve o assunto rapidamente…
Desculpa Mano a tão fraquinha e mal preparada 1.ª ajuda que te dei, a correr, que o raio da vidinha para quem trabalha honestamente é a correr. Contrariamente a esses senhoritos empresários e dirigentes da ANGF (com honrosas e exemplares excepções) tenho de ir ainda trabalhar, já, agora, agora mesmo! Tal como tu! Pena é que continuem a ser jovens inocentes, românticos, que lhes continuem a pagar contas exorbitantes em repastos faraónicos e a ajudar a viverem “luxuosamente”…

Luís Filipe Ponte Peças”

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