DN - (2de3 Dias) - "Matadores e Novilheiros Só para Estrangeiro Ver"

Domingo, 22 de Fevereiro de 2015
Matadores e novilheiros só para estrangeiro ver
Fotografia © Jorge Amaral/Global Imagens

"O toureio a pé acabou em Portugal porque os cavaleiros se impuseram e, como a maioria dos empresários são antigos forcados, preferem a corrida à portuguesa", diz Tiago Santos.

Tiago Santos foi o novilheiro revelação em 2005, lidou em Portugal, cortou orelhas em Espanha, França e Venezuela, foi "figura" em Barrancos. Há dois anos deixou o sonho de ser matador. "Houve uma certa desilusão, as coisas não estavam a correr como desejava. Sempre quis ter a minha liberdade e fui à procura da minha autossuficiência", justifica o jovem, de 23 anos. Recebeu a alternativa de bandarilheiro em 2014 e faz parte da "quadrilha" de Mara Pimenta.

Aprendeu na Escola de Toureio José Falcão, de Vila Franca de Xira, cujo diretor é José Manuel Rainho. "O toureio a pé acabou em Portugal porque os cavaleiros se impuseram e, como a maioria dos empresários são antigos forcados, preferem a corrida à portuguesa às corridas mistas", justifica Rainho.


Vítor Mendes é professor da escola e foi o mestre de Tiago Santos. É considerado o último grande matador português. Pedrito de Portugal, um dos mais novos nesta arte, vive em Espanha e só esporadicamente atua cá, só uma vez no ano passado. Nuno Casquinha, detentor de troféus nacionais, mas que só no Peru vingou como "figura" queixa-se que são poucas as oportunidades e que a mentalidade das pessoas não ajuda, "em vez de apoiarem o que é nosso, apoiam o estrangeiro"." Em 2014 fui o toureiro que mais corridas fez em Portugal, e foram apenas três."

O presidente da Associação Portuguesa de Empresários Tauromáquicos, Pedro Pessoa de Carvalho, diz que há uma convergência de fatores para a perda de influência do toureio a pé. "Apareceram muitos grupos de forcados - havia uns 15 e agora são 50 -, o que movimenta sempre muita gente. Faltam figuras no toureio a pé e há muitos empresários que eram antigos forcados."


Texto: DN - Diário de Noticias Por: Céu Neves

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