Comentário de Carlos Barreiros ao Festival no Sobral de Monte Agraço

"Fui ao Sobral de Monte Agraço, Ver Um Festival Taurino"
Fotografia de António Lúcio


Assim se anunciou o Festival, para mais uma tarde de toiros, “Sobral de Monte Agraço o Festival Taurino da Primavera , o Futuro da Festa”

Mas, falar em futuro da Festa, implica enorme sentido de responsabilidade, em todos: na Organização, no cartel, nas ganadarias e no público presente.

Sentir melhorar o futuro é, acima de tudo, participar no espetáculo, sempre que, nele vejamos verdade.

Quis estar presente, por nele participarem Artistas, cuja juventude é aceitável, principalmente no Toureio a Cavalo onde, Luís Rouxinol Jr, nos presenteou com enorme certeza de entendimento. Soube ver e fazer com o toiro de São Marcos, extraordinária sabedoria, o toureio certo e de excelente interpretação. Felicito-o.


Entretanto meus Senhores, como futuro na Festa, aparece o Toureio a pé que, tiveram de se enfrentar a uma corrida de Falé Filipe. Dum modo geral com boa prestação e, merecedor, de melhor cumprimento da parte do Público. A dois Novilhos, a ignorância, não quis aplaudi-los.

Melhorar a Festa, começa por educar a Afición e denunciar os seus erros. Cabe saber julgar e valorizar.

No toureio a pé estiveram quatro jovens, todos lutadores e estimáveis artistas que, para elevarem o toureio a pé, em Portugal, terão com grande urgência, de seguir outra forma de enriquecimento, beleza, elegância e modo como andar na arena, enquanto lidam um toiro.
Foram eles, o matador de toiros Nuno Casquinha, os novilheiros Manuel Dias Gomes, J. Ribeiro “Cuqui” e Diogo Peseiro.

Existem princípios inesquecíveis, e com absoluta certeza, a verdade demonstrada na arena, traduz o brio através da apresentação de cada artista.
À que saber andar no “Albero” (1) Senhores. Saber andar, como saber pisar ou não, terrenos. À que saber transmitir ao Aficionado, essa verdade que cada um tem para oferecer.

Por aí assistiremos à grande evolução futura. Nestes Jovens Artistas, que todos conhecemos e queremos muito, para já, não existe.

É verdade, melhorar o futuro da Festa, poderá trazer-nos o verdadeiro toureio a pé, às Praças de Touros Portuguesas. Triunfar é transmitir, mexer com os sentimentos de quem suporta a Festa, o público, o da verdade.

Exigem cuidados na apresentação, modos de saber elevar, com elegância o toureio. Criar os momentos sentidos, por quem os apresenta, e faz chorar de pé quem os vê executar.

Melhorar o futuro é, ter Mestres que se dignam justos seguidores da sua Arte. Não se podem permitir constantes despropósitos em arenas. Não poderemos nem devemos aplaudir vulgaridades ou medíocres expressões, mas sim, proteger a verdade do toureio, o rigor, a beleza e a perfeição, que o artista nos deixar na execução.

Passo a deixar, uma simples observação, de como vi o Festival, sem que me tenha prendido qualquer tipo de, arrogância ou rancor para alguém. Enquanto observador e Aficionado, jamais deixarei de dar o meu critério sobre, a Arte e rigor apresentados.

Não pretendo melindrar quem quer que seja mas, dar a conhecer, o que de facto, a Festa me faz sentir.

Agradeço à Tertúlia Tauromáquica Sobralense, este importante Festival. Que nele estiveram presenças muito interessantes como, empresários; ganadeiros; cavaleiros; matadores de toiros e aficionados, que tal como eu, viram que foi no novilho sem as qualidades dos demais, que “Cuqui” demonstrou a sua presença, tendo saído o triunfador da tarde.

Foi Artista e elegante, nunca perdendo as séries que desenhou. Por variadas vezes, motivou a investida do novilho, sem perder o sentido do toureio. Mas “Cuqui” foi lá, procurou e levou o seu trabalho à bancada. Aceitei a sua presença, a sua humildade e o seu propósito.

Pelo futuro da Festa
Carlos Barreiros
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(1)- “Albero” - Rocha sedimentar de origem orgânica e de cor amarelada, normalmente usada nas praça de touros.

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