Versão de Ricardo Levesinho Sobre a "Historia de Lousada"


Deixamos aqui a versão do empresário Ricardo Levesinho, ao qual pedimos autorização para publicar o seu ponto de vista.

Enumero os passos:
1. Janeiro de 2012. Contratação do Pedro Salvador por determinado valor a pagar na hora do sorteio e contratação de uma novilhada Palha (por mim gerida a pedido do Exmo. Sr. João Folque - proprietário da ganadaria) por determinado valor a pagar no embarque.
Quem sempre concordou com o valor a a forma de pagamento foi o Senhor João Oliveira, que sempre disse e repetiu inúmeras vezes ao longo deste meses que era a palavra dele que estava em cima da mesa e que a situação de Vizela tinha sido algo por ele impossível de resolver, mas que, de forma a mostrar a sua seriedade, os intervenientes recebiam conforme estipulado para não existir dúvidas.
Solicitou igualmente o NIB para transferência bancária de forma atempada do valor dos novilhos. Não lhe enviei no momento e o mesmo contactou-me dois dias depois para repetir o pedido do NIB, que lhe foi enviado de imediato.

2. Percurso de Janeiro a 22 de Julho. Informação do Senhor João Oliveira variadas vezes repetidas. Repetia e reafirmava a sua seriedade e que a corrida ia ser um sucesso de praça esgotada.

3. Dia 23 de Julho. A solicitar dados para deslocação dos animais e confirmar data e hora do embarque foi
dito ao Sr. João Oliveira que, como atá à data não tinha existido transferência, era necessário que a mesma fosse efectuada até à data ou que o próprio ou alguém pelo mesmo estivesse no embarque para por um lado aferir as boas condições dos animais e que procedesse ao pagamento dos mesmos.
O Sr. Oliveira, aí, colocou em causa o valor combinado e surgiu o seu ligeiro esquecimento sobre a forma de pagamento. O mesmo só se relembrou quando lhe foram dadas informações sobre momentos do negócio. Solicitou-me tempo para falar com os membros da Associação de Produtores de Melão e Hortícolas, que substituíam a parceria original que supostamente seria a Comissão de Festas de Lousada.
No mesmo dia transmitiu-me que a denominada Associação não entendia coerente que se pagasse os toiros na véspera e os restantes intervenientes ao sorteio. E que eu compreendesse.
De imediato, transmiti-lhe a minha não concordância, mas que a minha posição lhe era transmitida até às 13 horas do dia seguinte, de forma a ocultar opiniões devidas.

4. Foi transmitido ao Senhor Oliveira a não possível deslocação dos animais sem o negócio ser efectuado conforme o combinado. E todos os transtornos e custos inerentes que isso implicava na forma como estava a gerir o negócio. O mesmo sempre se desculpou com um tal de Jose Magalhães, Presidente da dita Associação.
Exigi saber o nome da ganadaria substituta de forma a transmitir ao cavaleiro que represento.

5. Dia 26 de Julho. O Sr. Oliveira transmitiu-me, como representante do cavaleiro Pedro Salvador, que a ganadaria a lidar seria a de Francisco Luis Caldeira-

6. Dia 28 de Julho
12:00 - Sorteio realizado.
12:30 - Solicita o Sr. Oliveira que o acompanhemos de forma a procedermos ao recebimento dos valores negociados e contratualizados.
13:00 - Solicita o Sr. Oliveira que, por atraso do representante da dita Associação, aguardássemos até às 14 horas, pois o dito senhor estava a almoçar e que regressássemos às 14:00. Foi transmitido ao Sr. Oliveira pelos três representantes dos toureiros que a situação estava a ser colocada de uma forma bem diferente da previamente combinada, mas que, e de forma a não sermos depois considerados impossibilitadores de algo, aguardávamos até essa hora.
14:00 - O Sr. Oliveira, por telefone, diz para esperarmos, que a situação estava a ser resolvida. Que o pagamento seria por cheque da dita Associação. Continuamos aguardando a chegada do Sr. Oliveira.
15:00 - O Sr. Oliveira continuava a solicitar-nos mais 10 minutos.
15:30 - O Sr. Oliveira regressa à zona da Praça de Toiros e diz que está ao telefone com a dita Associação e a resolver a questão.
Conseguimos o contacto do Sr. José Magalhães, que na presença de todos os intervenientes, de que fomos testemunha, transmitiu que não estava a Associação por ele presidida a tratar rigorosamente de nada e que a responsabilidade material era de inteira responsabilidade do Sr. Oliveira.
O Sr. Oliveira foi de imediato por todos nó colocado ao corrente do nosso conhecimento da suposta mentira sob a forma como estava a ser gerida a questão e aí o Sr. Oliveira começou a responsabilizar a dita Associação, que culpava de estarem a fugir a responsabilidade.
16:00 - Foram de imediato reunidos todos os intervenientes e analisado todo o processo.
Foi tentado chegar a uma solução de consenso, que mais não seria do que após uma avaliação dos valores contratualizados com todos os intervenientes, se efetuasse um total do valor dos créditos e os mesmos fossem rateados conforme o valor realizado pela bilheteira no fim do espectáculo.
Neste momento não existiu consenso porque nas expectativas no momento existentes, o valor realizado na bilheteira era inferior a 3.000€ e entendia-se que, pela forma como estavam a decorrer as vendas, a venda expectável teria possibilidade de fazer auferir entre 22% a 30% dos valores previamente combinados, porque o Sr. Oliveira não possuía nenhuma verba suplementar e que até tinha efectuado, segundo palavras do proprietário da praça e ditas perante a autoridade, uma transferência bancaria inexistente, já que os documentos comprovativos da mesma eram papéis forjados e totalmente falsos.
O consenso foi difícil de conseguir porque, além das expectativas completamente defraudadas, existiu um processo de muita mentira e falsidade, o que levou ao descrédito do processo e dos organizadores por parte dos intervenientes.
Foi pelo Sr. Oliveira solicitado várias vezes que a corrida seguisse em frente e efectuadas promessas de forma a cativar os toureiros a manterem-se na praça. Nesse passo, foi dado aos toureiros profissionais um valor de 1.000€ e um valor de 600€ à cavaleira praticante. Estes recebimentos estão devidamente assinados e confirmado o seu recebimento.
Considerando que vários dos intervenientes não estavam de acordo com o rateio colocado como possível, foi pelos toureiros e de forma a defender interesses globais, decidido não tourearem. Sabendo que existem opiniões que se tem manifestado posteriormente diferentes porque o grau de responsabilidade e prejuízo a eles provocado é totalmente diferente. Mas é importante entender a Ganadaria que iria auferir por 6 toiros um valor ligeiramente superior ao valor de 1 (um) toiro!
Entenderam os toureiros não estarem reunidos as condições mínimas. E, respeitando o público, que foi lesado pela falta de devolução do valor dos bilhetes, os toureiros pessoalmente deram a cara e transmitiram a todos os presentes através de sistema de som as suas razões e que foram aceites pela grande maioria dos lesados.
Acresce dizer que os valores residuais das despesas que os toureiros receberam foram distribuídos com outros dos intervenientes de forma a reduzir os custos implicados. O valor do Pedro Salvador foi repartido com a empresa de transportes dos toiros.
As decisões foram tomadas de forma muito difícil e que ainda neste momento é normal existir um balanço e uma avaliação a efectuar dos acontecimentos e decisões. É sempre complexo estar envolvido numa situação tão difícil onde existe caos, desordem e prejuízos significativos.
Entendo até que o nosso erro foi ao não proceder à anulação da corrida demonstrando não vontade de ir para a frente com a mesma logo após a hora do sorteio, hora onde estava estabelecido o pagamento contratualizado. Tentámos no entanto dar todas as condições e tempo para que a situação fosse resolvida, demonstrando a nossa boa-fé.
É uma situação para a Tauromaquia completamente errada, mas que, ao darmos possibilidade que a mesma tivesse continuação, continuávamos a contribuir para a degradação interna, deixando continuar a existir comportamentos completamente errados e desencorajadores para o futuro. E penso não ser esse o caminho.
Uma palavra de pedido de compreensão e desculpas para o público lesado, manifestando o nosso completo apoio ao mesmo, já o demonstrado pessoalmente pelos artistas e mostrando-nos completamente disponíveis, conforme referido à autoridade presente, para testemunharmos em sede própria.

Ricardo Levesinho

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